quinta-feira, 29 de abril de 2010

Metamorfo

Não digo e não direi mais.
Nego-me a reafirmar que sou algo, ainda mais algo imutável.
Durante toda a vida, crendo que tivesse tal personalidade, e "tadah"... quem sou eu, afinal? Não sou nada. E tu também... tu não és nada.
Nós somos sensíveis à mutação, só isso.
Achamos que nunca seremos; mas seremos, somos. A certeza não moldou a nossa personalidade, e por isso sou grato a ela. Talvez suponhas que não sou homem o suficiente para cumprir com o que digo; e é fato, não consigo enganar a mim mesmo.
Cabe a nós apenas tentar não ceder tão fácil à essa mutação. Porque não sou como a Hidra de Lerna, tenho apenas uma face apta a mudanças.
A minha variação não altera apenas a minha vida.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A aprendiz de frustrações

Ela podia afirmar tudo, menos que não aprendeu.
Sofreu e com isso aprendeu. Aprendeu coisas que já serviram; coisas que servem; coisas que servirão. Aprendeu sobre a matemática, sobre a química, sobre a gramática, sobre a física. Ela aprendeu a respeitar.
Percebeu que a vida não anda conforme seus planos; e que a beleza exterior engana.
Sentiu. Ela sentiu na pele o que é perder alguém para a morte. E sentiu o que as pessoas não costumam sentir: isso ela não soube definir com palavras.
Era iminente: estava prestes a sofrer de novo. Mas aprenderia ainda mais, por isso não teve qualquer medo.
E em um desses dias rotineiros, pensou em algo que havia descoberto: desbobriu que não se faz promessas ao infinito. Poderia errar durante toda a vida, mas as promessas nunca lhe voltariam à boca.

domingo, 18 de abril de 2010

Não se encarregou de cuidar do futuro

É porque nunca gostara muito de beijos. Sempre preferiu estar ali, compartilhando o momento, sentindo a mão suave, com aquela cabeça sobre seu colo. Falava da vida e das coisas que fazem dela a vida.
Mas se quer saber mesmo, nunca conseguiu acreditar completamente nas pessoas. Porque são corrompíveis em sua maioria. Porque por pessoas já foi enganado. Porque recebeu desprezo em troca de belos sentimentos, que agora supõe-nos que sente.
Apesar disso, nunca conseguiu traduzir a palavra amor, sempre nela acreditando francamente. Sempre esperou, porque o tempo se demonstra tão sábio, com toda a sua idade, embora muito compassivo por não ter acabado com essa podre humanidade - aquela humanindade a qual ele já perdeu quase toda a fé.
E se aquilo é pecado, que peque, que morra. Nunca achou muito lógico que as pessoas tivessem tanta vontade de acabar com a felicidade alheia. E é por isso que estava ali, sentindo aquela delicada mão na sua. O futuro? Ah, isso ele deixou como responsabilidade do Sr. Tempo, tão sábio.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Olá, figurante

Aquelas pessoas enchem a boca para dizer que te amam, põem-te pra cima, animam-te com bobas palavras... mas sempre querem algo em troca, num câmbio sentimental.
Então tu passas por dificuldades e aí eles mostram seus seguros sentimentos, ou a falta deles. Afinal, agora tu não podes conceber-lhes os desejos. Por ora tu és figurante.
Num futuro, incluirão todos aqueles que fizeram-lhe rir ou chorar em seu belíssimo discurso e teu nome estará ali somente para que não tenhas argumentos contra elas.